terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Começo

Começo de ano, não falam pra gente pensar na vida? pois é, com essa ausência do que fazer eu comecei a pensar na minha, engraçado como a gente revira e percebe que não lembra de tudo, e lembra daquilo que não deveria lembrar...hoje eu tenho 19 anos, não muito, mas o suficiente para iniciar aquela crise de existência. Sou muito ansiosa para acabar as coisas rápidos e ter resultados logo, mas creio que essas postagens vão demorar um pouco mais do que planejei, afinal, uma vida como a minha não se conta pulando os mínimos detalhes.


Eu não lembro do comecinho, sabe? aquele onde seu papai e sua mamãe se amavam e se casaram e tiveram você. Não, na verdade eu ACHO que meu pai e minha mãe se amavam, nas fotos antigas, onde ela com aquele cabelão anos 70 e ele com as costeletas loiras à mostra, eles parecem bem íntimos e apaixonados. Não faz muito que eu vizualisei de verdade a aparência jovem deles. Meu pai, lindo, como um ator de cinema italiano, e minha mãe, também linda, uma cintura da circunferência da palma da minha mão e um sorriso no meio de um rosto bem definido, branco, marcado pelas sobrancelhas escuras, olhos e cabelos castanhos, onde me encontro hoje no espelho. Lembro da minha mãe gordinha, e meu pai velho e magricela, como é até hoje.


Digamos que eles se amaram, tiveram meus irmãos, quatro menininhos, de cabelos loiros e olhos claros, a maioria, e depois, em um flash back bem mal sucedido, nasce eu, uma menina, tudo que eles queriam desde o começo, mas que nasceu quando tudo já havia acabado. Sério, até hoje duvido do fato de ser filha deles, se eu não fosse tão parecida com ela e com ele de certa forma. Mas sei lá, essa história foi muito mal contada. Ele batia nela, e até hoje eu não faço idéia do porquê. Dizem que ela "fazia" ele bater nela, não de uma forma fetichista, mas como se ela merecesse, mas consideremos minha família uma família alemã, de caráter patriarcal, pois é, acho que deu pra entender, pois eu não vejo motivos suficientes para um homem bater em uma mulher. Meu avô era ruim, ruim mesmo, mas nunca ouvi falar dele bater na minha avó.


Ninguém se preocupou muito em me explicar as coisas, nem mesmo ela. Enfim, eu nasci. É, uhul, legal..não, acho que não, uma criança dá muito trabalho, mas pelo o que parece eu fui o conforto da minha mãe. Eu lembro de nós sermos bem ricas, moravamos numa casa grande, com portões verdes e uma piscina nos fundo da casa. É a lembrança mais antiga de algo que eu posso chamar de vida, na verdade os fatos se misturam, mas eu vou tentar crônometrar as coisas, mas algo pode ficar solto no caminho, afinal, são apenas lembranças. Moravamos eu, ela e meu irmão, o último dos irmãos homens. A vida era fácil, meu quarto era cheio de pingo d'ouro, o salgadinho, espalhados pelo chão e com chupetinhas do "baby" da família dinossauro penduradas. Não faço idéia de quanto tempo ela já estava separada do meu pai, mas eu nunca havia visto ele, na época, e nem tinha esse tipo de noção. Ela tinha fazenda, não sei se era fazenda ou fazendas, mas a gente viajava bastante, escutando a Paraguaia Perla, o Beegees e Abba, visitavamos um monte de gente, que também tinham fazenda. Era assim, eu era inocente e espertinha.
E foi naquela casa, aquela merda de casa, que minha mãe desligada deixou que algo mexesse comigo por toda a vida...mas isso já é outra história, e eu estou cansada.
Como eu disse, esse é só o começo de uma longa história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário