sábado, 18 de dezembro de 2010

Só pensando

Quanto tempo heim, a gente acaba esquecendo de pensar na vida que passou e só vive essa do momento, não que isso seja ruim, afinal viver de passado é triste, mas essa semana, onde eu voltei de uma viagem muito produtiva, em uma cidade onde prestamos assistência à uma comunidade carente eu pensei muito na vida. Lembrei de muitas coisas e tentei gravar o máximo novas experiências, no final tudo que a gente leva na vida é aquilo que a gente lembra não é mesmo? queria poder colocar tudo em um quadro.
O lugar que eu fui era bem rural, me fez lembrar de um episódio onde um moço da fazenda me levou até uma árvore, bom no meio do mato, eu não lembro o seu rosto, a cor de sua blusa, só lembro de suas unhas meio sujas, seu cheiro de mato, e ele me colocando em cima do banco, que ficava na sombra, e conversando comigo. Ele não tentou nada, ele me deu uma pequena aranha e disse "olha, essa é pequena, não faz mal, é só ter cuidado e não amassar ela" era uma aranha pequena, amarelinha, que andava devagar em minhas mão. O céu era azul e a tensão tinha ido embora, a tensão de que talvez ele fosse fazer algo, mas não, ele disse que na vida a gente aprende, mas eu não entendi, e agora eu entendo, que tudo que nós tivermos cuidado, e não apertarmos as coisas e pessoas ao nosso redor, a vida é mais fácil, a gente aprende a lidar com o medo e diferenças. Talvez tenha sido com ele que eu aprendi a perceber que nem todos os homens são iguais.
Esse fato me remete a algo muito romântico, um dia bonito, sem barulho, com cheiro de capim bonito, onde um homem e uma criança trocavam confidências silenciosas, e ele a respeitava, assim como eu o respeitei. Queria agradecer a ser cara, que eu não faço idéia de quem seja, a me mostrar o lado bonito de um mero gesto.
Talvez não signifique nada para você, mas eu adoro um silêncio, aquele que diz tudo sabe? onde duas pessoas se unem em pensamento e sentem no lugar mais seguro do mundo, é onde no borbulhão de palavras a gente diz só uma, e não precisa de mais nada.
Lá na cidade onde eu fui, uma criança me abraçou, me apertou forte e eu olhei nos olhos dela e senti que ela não queria que eu fosse embora, talvez daqui uns tempos ela esteja fazendo o mesmo agradecimento que eu, por ter tido alguém que um dia, simplesmente a olhou, e levou ela pra um lugar mais seguro, cheio de silêncio e conforto, de forma diferentes, nós partilhamos o mesmo sentimento.
Depois da fazendo eu e minha mãe ficamos em uma cidade, Paranatinga, onde eu vivi com meus irmãos mais velhos, era divertido, eu tinha muitos amiguinhos e brincava na terra, era bom e não houve mais assédios, não quero mais lembrar dos assédios, acho que já estou farta de relembrar disso, até porque depois desses episódios, não me aconteceu mais nada em especial, além dos tarados de sempre.

Eu fui morar em Campo Grande com a minha mãe, quando minha avó faleceu, e eu fui para a escola e a vida ficou boa, pulei uma grande parte da minha vida, até chegar nessa que lhe conto, mas não me importo, afinal não há nada de interessante a relembrar. Eu vivi como criança, eu cantei, eu corri, eu fui pra catequese, eu chupei gelinho e fui na casa da minha amiga fazer tarefa de caligrafia, nós brincávamos de modelo e não pensávamos em mais nada. Quem diz hoje que dinheiro não traz felicidade, pode estar certo, eu fui pobre, porém fui muito mais feliz. Foi onde eu conheci minha melhor amiga, a Jack, meu braço direito, ela me deu a pulseira da mãe dela e que guardei até hoje. Nunca vou me esquecer dela, por mais que hoje nós não tenhamos mais tanto contato, afinal crescemos e já não estamos mais juntas. Mas a criança que ela foi junto comigo eu não vou esquecer jamais.


Nenhum comentário:

Postar um comentário